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Em contrapartida, as 175 cidades restantes somam 9.511 assassinatos contra adolescentes no mesmo período. No ano passado, o Ceará bateu recorde de assassinatos
Guaramiranga é uma das cidades que não registraram homicídios contra adolescentes nos últimos 17 anos (FOTO: Reprodução/Google Street)
Nove municípios no Ceará não registraram homicídios contra adolescentes de 10 a 19 anos nos últimos 17 anos. Em um Estado com 184 municípios, as cidades se tornam exceção e chamam atenção para o cuidado com crianças e adolescentes. Os dados são do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, repassados pela Secretaria de Saúde do Estado do Ceará (SESA).
> Leia Mais: Homicídios contra adolescentes no Ceará cresceram 500% em 17 anos
As cidades são: Palhano (Vale do Jaguaribe), Guaramiranga (Maciço do Baturité), Potiretama (Vale do Jaguaribe), Pires Ferreira (Região Norte), Moraújo (Região Norte), Senador Sá (Sertão de Sobral), Chaval (Litoral Norte), Umari (Centro Sul) e Granjeiro (Cariri).
Em comum, os 9 municípios possuem uma população abaixo de 10 mil habitantes de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em contrapartida, as 175 cidades restantes somam 9.511 assassinatos contra adolescentes no mesmo período. No ano passado, o Ceará bateu recorde de assassinatos em toda história do Estado, com mais de 5 mil homicídios.
Para o coordenador do Fundo das Nações Unidas (Unicef), Rui Aguiar, a falta de registro deve-se ao baixo número populacional. Ao comparar os registros de homicídios com os dados do SIM e do IBGE, Rui pontua que, na medida em que cresce a população, aumenta o risco de adolescentes serem vítimas de assassinatos no Ceará.
O coordenador da Unicef ressalta levantamento que mostra o crescimento da violência paralelo ao das cidades. Em 61 municípios do Ceará com uma população média de 13 mil habitantes, foram registradas de 1 a 5 mortes nos últimos 17 anos.
Nas 59 cidades com cerca de 25 mil habitantes, houve 6 assassinatos no mesmo período. Nos 42 municípios com população média de 33 mil habitantes, o número chega a uma morte por ano, totalizando 17 mortes. Já em 12 municípios, cuja a média populacional é de 106 mil habitantes, foram contabilizados mais de 80 assassinatos. O maior registro foi na cidade de Caucaia, com 549 mortes.
“Na medida em que cresce a população, cresce o risco de homicídio contra adolescente”
> Leia Mais: Vale Rapadura: por que o ceará tem as 24 melhores escolas públicas de ensino fundamental do Brasil?
O coordenador aponta que as maiores cidades do Ceará não têm infraestrutura adequada, o que resulta em problemas sociais que ainda não estão presentes nas cidades menores.
“Nas grandes cidades no interior do Ceará, há periferias com suas desigualdades sociais, falta saneamento básico, esporte e cultura. Esse cenário já não é presente nas cidades pequenas”, ressalta o especialista.
Segundo promotor, o crime organizado tem avançado cidades menores nos últimos anos (FOTO: Reprodução)
O promotor da Comarca de Pacoti (município a 40 quilômetros de Fortaleza) desde 2013, João Pereira Filho, que também atende Guaramiranga, cidade vizinha, destaca que a população da cidade conta com serviços básicos, como educação, saúde e segurança, o que favorece o baixo índice de mortalidade.
“A gente tem uma rede de proteção social, tem um conselho tutelar, um núcleo escolar com uma população pequena, tem um fórum, um juiz e um promotor. Há também agentes de saúde e unidade policial”, aponta.
Entretanto, ele acredita que esse cenário pode mudar. Segundo ele, se não houver medidas preventivas para conter o avanço do crime organizado, casos de homicídios contra adolescentes podem ser registrados nos próximos anos.
Nas cidades vizinhas, como Pacoti e Mulungu, a presença do tráfico de drogas já está presente. “É uma realidade que está se modificando negativamente. A desigualdade social na serra é gritante”, pontua.
Apesar de não ter registado homicídios, Guaramiranga possui casos de furtos e roubos nos últimos 10 anos. “É uma preocupação e precisa melhorar a prevenção nesse tipo de delito, porque é a entrada para outros crimes”, afirma João Pereira.
Como alternativa, o promotor sugere melhorias nas políticas públicas para minimizar a desigualdade social e, principalmente, nos métodos educacionais para manter o interesse dos jovens dentro das instituições de ensino.
“A escola tem que começar a perceber que os métodos tradicionais não mantêm o aluno na escola. A rua parece ser muito mais interessante. Esse é o desafio para as escolas: atualizar a sua linguagem educacional. Também deve ter atividades culturais destinadas para crianças de 5 a 8 anos”, sugere Pereira.
Em contrapartida, as 175 cidades restantes somam 9.511 assassinatos contra adolescentes no mesmo período. No ano passado, o Ceará bateu recorde de assassinatos
Guaramiranga é uma das cidades que não registraram homicídios contra adolescentes nos últimos 17 anos (FOTO: Reprodução/Google Street)
Nove municípios no Ceará não registraram homicídios contra adolescentes de 10 a 19 anos nos últimos 17 anos. Em um Estado com 184 municípios, as cidades se tornam exceção e chamam atenção para o cuidado com crianças e adolescentes. Os dados são do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, repassados pela Secretaria de Saúde do Estado do Ceará (SESA).
> Leia Mais: Homicídios contra adolescentes no Ceará cresceram 500% em 17 anos
As cidades são: Palhano (Vale do Jaguaribe), Guaramiranga (Maciço do Baturité), Potiretama (Vale do Jaguaribe), Pires Ferreira (Região Norte), Moraújo (Região Norte), Senador Sá (Sertão de Sobral), Chaval (Litoral Norte), Umari (Centro Sul) e Granjeiro (Cariri).
Em comum, os 9 municípios possuem uma população abaixo de 10 mil habitantes de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em contrapartida, as 175 cidades restantes somam 9.511 assassinatos contra adolescentes no mesmo período. No ano passado, o Ceará bateu recorde de assassinatos em toda história do Estado, com mais de 5 mil homicídios.
Para o coordenador do Fundo das Nações Unidas (Unicef), Rui Aguiar, a falta de registro deve-se ao baixo número populacional. Ao comparar os registros de homicídios com os dados do SIM e do IBGE, Rui pontua que, na medida em que cresce a população, aumenta o risco de adolescentes serem vítimas de assassinatos no Ceará.
O coordenador da Unicef ressalta levantamento que mostra o crescimento da violência paralelo ao das cidades. Em 61 municípios do Ceará com uma população média de 13 mil habitantes, foram registradas de 1 a 5 mortes nos últimos 17 anos.
Nas 59 cidades com cerca de 25 mil habitantes, houve 6 assassinatos no mesmo período. Nos 42 municípios com população média de 33 mil habitantes, o número chega a uma morte por ano, totalizando 17 mortes. Já em 12 municípios, cuja a média populacional é de 106 mil habitantes, foram contabilizados mais de 80 assassinatos. O maior registro foi na cidade de Caucaia, com 549 mortes.
“Na medida em que cresce a população, cresce o risco de homicídio contra adolescente”
> Leia Mais: Vale Rapadura: por que o ceará tem as 24 melhores escolas públicas de ensino fundamental do Brasil?
O coordenador aponta que as maiores cidades do Ceará não têm infraestrutura adequada, o que resulta em problemas sociais que ainda não estão presentes nas cidades menores.
“Nas grandes cidades no interior do Ceará, há periferias com suas desigualdades sociais, falta saneamento básico, esporte e cultura. Esse cenário já não é presente nas cidades pequenas”, ressalta o especialista.
Segundo promotor, o crime organizado tem avançado cidades menores nos últimos anos (FOTO: Reprodução)
O promotor da Comarca de Pacoti (município a 40 quilômetros de Fortaleza) desde 2013, João Pereira Filho, que também atende Guaramiranga, cidade vizinha, destaca que a população da cidade conta com serviços básicos, como educação, saúde e segurança, o que favorece o baixo índice de mortalidade.
“A gente tem uma rede de proteção social, tem um conselho tutelar, um núcleo escolar com uma população pequena, tem um fórum, um juiz e um promotor. Há também agentes de saúde e unidade policial”, aponta.
Entretanto, ele acredita que esse cenário pode mudar. Segundo ele, se não houver medidas preventivas para conter o avanço do crime organizado, casos de homicídios contra adolescentes podem ser registrados nos próximos anos.
Nas cidades vizinhas, como Pacoti e Mulungu, a presença do tráfico de drogas já está presente. “É uma realidade que está se modificando negativamente. A desigualdade social na serra é gritante”, pontua.
Apesar de não ter registado homicídios, Guaramiranga possui casos de furtos e roubos nos últimos 10 anos. “É uma preocupação e precisa melhorar a prevenção nesse tipo de delito, porque é a entrada para outros crimes”, afirma João Pereira.
Como alternativa, o promotor sugere melhorias nas políticas públicas para minimizar a desigualdade social e, principalmente, nos métodos educacionais para manter o interesse dos jovens dentro das instituições de ensino.
“A escola tem que começar a perceber que os métodos tradicionais não mantêm o aluno na escola. A rua parece ser muito mais interessante. Esse é o desafio para as escolas: atualizar a sua linguagem educacional. Também deve ter atividades culturais destinadas para crianças de 5 a 8 anos”, sugere Pereira.